segunda-feira, 4 de abril de 2016

Por favor, não pare!



Seus dedos são habitados por uma infinidade de sensações inexplicavelmente prazerosas. Neles residem a essência da felicidade e o êxtase da realização humana, algo que jamais poderá ser transcrito e esgotado por toda a abrangência da linguagem verbal, afinal se trata de uma comunicação entre almas, uma conexão abstrata e onipresente entre nossos íntimos. Ao sentir o seu toque sou tomado e possuído pelo ápice da emoção, tudo ao redor se desmaterializa e toda a beleza e dignidade da sua existência ganha forma dentro de mim, sou inteiramente amplificado, tudo ganha uma nova dimensão, um novo sentindo, você inventa e reinventa minhas experiências, enquanto eu só suplico, por favor, não pare. Eu preciso do seu toque, ele me dá proposito e uma razão de sobrevivência, eu descubro nele algo pelo qual vale a pena lutar sem sacrifício, cada suor, cada dor, cada esforço é uma celebração gloriosa e que se apresenta orgasticamente festejada nas nuances mais peculiares do meu corpo.  Não há nada que eu anseie mais do que a nossa eternidade, então por favor, não pare, eu preciso de você, minha felicidade agora está na palma da sua mão e eu não a aceitarei de volta, porque a felicidade só é de fato felicidade quando você está presente nela, o resto são apenas alegrias momentâneas e que não suprem, nem suportam, a minha persona mais natural e profunda: você, porque não existo mais sem ti. Ainda em meio a esse excesso de eufemismos, sim, eufemismos, não há exagero em nada aqui, apenas uma partícula muito ínfima do que é de fato, eu peço que por favor, não pare, eu sou um ser doente, e você é a minha patologia ao mesmo passo que é a minha cura, nada pode desmoronar, corroer e putrefaz-me como você, no mesmo impasse em que nada pode me fazer tão radiante e vivo quanto você faz. Eu matei, sem ressentimentos, o meu eu, e agora sou apenas nós, o meu toque só faz sentindo se for tocado em você, a minha existência só faz sentindo se eu existir em você, então eu imploro novamente, por favor, não pare, não pare de ser você.

Autor: Jordan Dafné
Ilustração: Gabriel Souza

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