terça-feira, 14 de junho de 2016

Quando o amor passou a ser sintoma de doença.



Não me lembro bem, mas tentarei relatar os fatos tais como ocorreram.

Fora naquela manhã, antes deu ir p’ra a faculdade – seus lábios foram de encontro a minha pele, ao que seus dentes cravaram-se numa mordida súbita em minhas costas – e só me dei conta quando já estava na metade do trajeto, quase em colapso num dos assentos do metrô.

Meu corpo febril e entorpecido me informava de que algo estava errado.

Calafrios me atingiam vez ou outra em contraste com as batidas aceleradas do meu coração – que mais parecia querer compensar as pulsações, pois pararia a qualquer instante.

O metrô aparentava correr em câmera lenta sobre os trilhos. Algo estava errado e eu só conseguia pensar no ocorrido daquela manhã.

Flashes borrados e distantes disparavam em minha mente.

A ficha estava caindo.

Acho que havia chegado minha hora.

Lá estava eu, sendo atingido pelas sensações que me invadiam o corpo sem nem ao menos pedirem licença.

Vivíamos num mundo no qual lutávamos por uma sobrevivência cotidiana mesquinha. Num momento de distração, descuido, guarda baixa... Deixei-me contagiar.

Seria meu fim ou um começo de uma nova vida tão pouco desejada nas situações atuais?

Lembro-me dos teus olhos sobre mim, como quando admiramos uma torta de frutas vermelhas atrás do balcão. Naquele momento, pensei estava eu protagonizando o papel de presa em seu show e ela não parecia querer abrir mão daquilo. Hipnotizou-me com teus beijos. Marcou-me com tuas mordidas. Ganhou-me com tuas juras...

É, meus caros antes eu estivesse me transformando em um zumbi sedento por cérebro, mas acho que estou apaixonado… sedento por alguns afagos. 


Autora: Lorena Ferreira
Ilustração: Lua Burns

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